A Turquia atual não reconhece as matanças feitas entre 1915-1923 como genocídio, alega que apenas foram cometidos crimes comuns de guerra. Essa opnião é contraposta com a opnião de países de várias partes do mundo que reconhecem o genocídio, tais como: França, EUA, Itália, Grécia, Rússia, Bélgica, Grã-Bretanha, Suécia, Brasil, Argentina, Uruguai, Líbano, Suíça, entre outros. Essa decisão turca faz com que eles percam privilégios e se privem de entrar na União Européia, pois foi imposto aos turcos reconhecer o genocídio se quisessem fazer parte da U.E.
Após os massacres ocorridos na Armênia Ocidental, tudo o que restou neste território foram vestígios de uma cultura apagada e esquecida com a ocupação de turcos e curdos. Graças a guerra travada logo após a Grande Guerra, os armênios acabaram perdendo o maior símbolo nacional e de religiosidade, o território do Monte Ararat; várias igrejas importantes se encontram hoje em ruínas e ainda há símbolos claros de uma limpeza étnica que mudou totalmente os habitantes da região. Porém, em relação ao lado da Armênia Oriental a história é muito diferente. Após anos e anos sob a anexação como República Soviética juntamente com a URSS, é então que em 1991 a União Soviética se desmembra e é formada a República da Armênia, com as características dos dias atuais.
Hoje em dia, o território armênio possui uma área de 29.800 km² com uma população de 3.016.000 habitantes e situada nas cadeias montanhosas do Cáucaso. Como a região não foi afetada pelos turcos na guerra e nos morticínios, a maioria dos que vivem ali são descendentes dos mais antigos habitantes do território e portanto formam um povo extremamente nacionalista. Um dos exemplos que mais explicitam o sentimento de nação do povo armênio é a Guerra de Nagorno-karabagh, território armênio que foi cedido pelos soviéticos para o Azerbaijão e reivindicado com o fim da URSS. Porém isso envolve vários fatores por trás: - os azeris possuem a mesma descendência do que os turcos, logo tinham também uma rixa com os armênios pois acreditavam na idéia do panturquismo. – os azeris sempre possuíam também um ódio religioso aos armênios por serem muçulmanos e cercados de um povo cristão ortodoxo. – os turcos sempre incentivaram e ajudavam os azeris em qualquer ato que era contra os armênios. Assim, não querendo ceder o território, em 1991 estoura uma guerra entre os dois países, na qual os armênios conseguiram retomar suas terras no Azerbaijão e vencer as forças azeris com uma condição muito adversa. A guerrilha Fedayiner do território do Karabagh, aliada ao exército da Armênia (com um contingente de 20.000 homens) derrotou o exército azeri que tinha o apoio da Turquia (com um contingente de 42.000 homens). Com isso, vários dos que lutaram viraram mártires e símbolos da nação armênia.
É importante lembrar também que com o genocídio muitos armênios sobreviventes conseguiram se refugiar em várias partes do mundo. Buscando primeiramente países com saída para o mar, os sobreviventes iam ficando, primeiramente em países com Líbano, Síria, Palestina e Egito. Mais acostumados e com o choque do genocídio passado, esses sobreviventes imigraram para diversas regiões do mundo tais como Argentina, EUA, Rússia, Irã, França e os próprios países árabes (estes com estimativa de uma colônia de mais de 100.000 armênios); Brasil, Canadá, Austrália, Grécia, Uruguai, Cazaquistão, Inglaterra, Alemanha e Itália (estes com estimativa entre 10.000 e 100.000 armênios); entre outros países. Calcula-se que haja em torno de 3.400.000 armênios morando fora de sua região de origem, ou então que façam parte dos descendentes. Assim, podemos ver claramente a existência de uma diáspora pós “grande massacre”, o que reforça a característica de um genocídio.
Atualmente há um impasse econômico e político entre Armênia e Turquia, que se desenvolveu por causa do genocídio. A Armênia tem como um grande aliado na região a Rússia por causa da mesma religião e de interesses iguais. Já a Turquia fecha as suas fronteiras para a Armênia, não deixando assim que fluxo de mercadorias e pessoas entrem pelo lado oeste do país, e consequentemente também pelo lado leste já que a Armênia faz fronteira com o Azerbaijão, pais aliado da Turquia. Assim, os maiores acordos comerciais acabam vindo pelo norte, com a Rússia, que fornece grande parte do gás, tecnologia e produtos complementares para a Armênia.
Dentro da Turquia atualmente existem leis que visam a restrição do assunto do genocídio armênio. Se um turco dentro de seu país afirmar que o genocídio ocorreu de fato e fizer isso em algum meio expansivo de comunicação, este cidadão pode ser preso e condenado por anos de prisão. Isso mesmo, a Turquia pune quem cita sobre o genocídio como se a liberdade de expressão fosse um crime. Outro fato que exprime a Turquia ao ridículo em relação ao tema abordado nesse projeto de pesquisa é a omissão de documentos importantes que podem confirmar o genocídio. Para se ter uma idéia, o governo do país investe e abre seu acervo para estudiosos que queiram pesquisar sobre o império Otomano. Porém, o auxílio financeiro de 1 milhão de dólares e o acesso aos documentos dos antigos otomanos só são possíveis se o pesquisador não citar em seu trabalho final nada que se refira ao genocídio armênio.
Por fim a negação do genocídio é algo praticamente impossível de ser provado. Para que analisemos um fato, devemos levar em conta os fatores que o antecederam, o modo em que foi feito e as conseqüências que isso gerou. No caso, os antecedentes do genocídio foram muito bem explicados nesse projeto de pesquisa, assim como o modo que foram feitas as matanças, o que se encaixa em um quadro genocídio proposital pelo fator panturquismo. Além disso, as conseqüências são as maiores provas, pois as da época ou foram destruídas ou estão guardadas pelo próprio governo turco, logo as conseqüências são sinal de que algo mudou do seu curso natural, sendo assim provas. Porém como estou tratando de um projeto de pesquisa, vamos para os argumentos turcos para ver quais são as argumentações dos dois lados.


Fontes:
http://www.armenia.brasil.nom.br/genocidio.htm
http://www.ian.cc/
Artzruni, Ashot; Historia do povo armênio. Editora Brusco, São Paulo SP, 1976
Livreto sobre o genocídio: Mutafian, Claude El genocídio de los armênios. Akian Gráfica Editora S.A, Buenos Aires Bs As, 2001